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Pink a Papillon guerreira

Minha Jornada com a Raça Papillon: Amor, Perseverança e Superação


Meu vínculo com a raça Papillon começou há mais de uma década, em 2012, quando comecei a pesquisar raças pequenas e inteligentes, que fossem ótimas para adestramento. Era para ser apenas uma pesquisa, mas essa raça começou a conquistar meu coração aos poucos, como se ela mesma tivesse escolhido entrar na minha vida. A busca por mais informações só me aproximava ainda mais do Papillon, como se ele estivesse destinado a mim.


Em 2016, fiz um curso de freestyle canino, pois naquela época eu trabalhava com adestramento. Nesse curso, conheci o primeiro Papillon, um cão maravilhoso e carismático que até então eu só havia visto em fotos. Fiquei encantada pela ENERGIA e pela graça com que ele se movia. Aquele encontro ficou gravado em mim como um sonho: aquele Papillon lindo e cheio de vida foi a faísca que acendeu meu desejo de criar essa raça, e assim mantive contato com a criadora que me apresentara essa paixão.


A Chegada da Pink: Um Sonho Realizado


O Papillon não era uma raça comum no Brasil, e as portas para criá-la são difíceis de abrir. Mas, como em todo grande amor, minha determinação não conheceu barreiras. Sabia que, para criar Papillons com qualidade, precisaria de investimento e sacrifício. Então comecei uma jornada de economia, e parcelando cada centavo para comprar minha primeira Papillon, que batizei de Pink – uma homenagem à cantora que sempre admirei. Ver Pink pela primeira vez foi um dos momentos mais felizes da minha vida: aquele pequeno ser de pelo macio e olhar doce era a realização de um sonho.


Mas, às vezes, a vida nos surpreende de forma cruel. Certo dia, enquanto Pink brincava despreocupada no quintal, ouvi os gritos desesperados de minha mãe dizendo que ela estava morta. Meu coração parou. Corri até ela e a peguei em meus braços, tentando entender o que havia acontecido. Ela estava mole, com a língua para fora, os olhos sem brilho. Mas, mesmo naqueles segundos de pavor, senti que ainda havia esperança. Segurei-a com todo amor, tentando reanimá-la com uma urgência que só o amor de um verdadeiro cuidador conhece.


A Luta Pela Vida de Pink


Respirar foi difícil naquele momento, mas levei Pink ao veterinário o mais rápido que pude. A imagem daquele trânsito parado na minha frente, enquanto minha pequena lutava para viver, ainda me atormenta. Mas nada me impediu de ultrapassar cada carro, de correr contra o tempo e contra o medo, até finalmente chegar ao hospital.


Ao entregá-la aos veterinários, senti que estava entregando uma parte de mim. Naquele instante, todo o meu corpo desabou. Um misto de angústia e esperança tomou conta de mim. E então, quando já eram quase 22h, recebi um vídeo que ainda hoje me emociona: Pink, abanando o rabo, viva e alegre, como se nada tivesse acontecido. A suspeita era de choque anafilático, talvez uma picada de inseto. Ela ficou em observação naquela noite, mas o pesadelo estava longe de acabar.


Algumas semanas depois, em plena madrugada, a mesma cena horrível se repetiu. Pink, mais uma vez, teve dificuldade para respirar. Meu coração se apertou e, naquele momento, percebi que essa luta pela vida dela estava longe de ser simples. Fizemos diversos exames, mas nada parecia explicar o que estava acontecendo. Cada ida ao veterinário era uma esperança que renascia e se partia, enquanto Pink enfrentava tudo com a força e a doçura que só ela tinha.


O Diagnóstico Temido: Shunt Portossistêmico


Finalmente, depois de inúmeros exames, uma suspeita surgiu: Shunt portossistêmico, uma anomalia hepática rara e complexa. Para confirmar o diagnóstico, precisávamos de uma tomografia em Curitiba. Já estava sem recursos, mas o que uma mãe não faz por um filho? Vendi o que podia, fiz empréstimos, pedi ajuda. O diagnóstico foi confirmado: era o temido Shunt, uma condição que, se não tratada, seria fatal. A cirurgia era a única chance de salvar Pink, mas o custo era alto. Nessa jornada de amor, não pensei duas vezes: vendi o que restava e busquei ajuda onde fosse possível.


Mesmo assim, houve quem me dissesse que eu não sabia criar cães, que não era para tanto esforço. Mas como desistir de alguém que te dá amor incondicional? Pink era minha família, minha amiga, e eu faria o impossível por ela.


A Superação e o Renascimento de Pink


A cirurgia foi um sucesso. A imagem de Pink nos meus braços, depois de tanto sofrimento, com os olhos brilhando de volta para mim, foi um milagre que me ensinou o verdadeiro significado de lutar por quem amamos. Ela foi castrada durante o procedimento e nunca teve filhotes, mas isso não importava. Aquele sorriso canino, o rabo abanando, eram tudo o que eu precisava.


Durante essa jornada, a criadora que me apresentou a raça, sem obrigação alguma, ofereceu-me uma segunda chance com uma nova Papillon: a Tisca, que trouxe alegria e paz para nossos dias. Pink e Tisca se tornaram o coração do meu canil na raça Papillon, cada uma com sua história de amor e superação.


O Legado de Pink


Por conta de tudo o que passamos, quase não tivemos ninhadas no início. Nossos olhares estavam focados em salvar a vida da Pink, em aprender com ela o significado mais profundo da dedicação e do amor verdadeiro. Ela foi a primeira Papillon que entrou na minha vida, e sua história me inspirou a criar com ética, responsabilidade e com um coração cheio de amor por essa raça especial.


Essa é minha história com o Papillon. 


Uma história que me ensinou a nunca desistir, a lutar até o fim e a honrar o amor puro que esses pequenos seres nos oferecem.

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